segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ceperj realiza mesa redonda sobre concursos públicos no país

17/06/2011

Debate uniu sociedade civil e governo para discutir o tema

“Não existe no Rio de Janeiro o debate sobre os rumos do concurso público no nosso país, pelo menos não de forma sistematizada”. Com essas palavras, o presidente da Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro), Jorge Barreto, abriu nessa sexta-feira (17/06) a mesa redonda O futuro dos concursos públicos no Brasil. Além de Barreto, a mesa foi composta por Guilherme Peres de Oliveira, subprocurador geral da OAB-RJ, José Manuel Duarte Correia, diretor jurídico do Grupo Folha Dirigida, e Marcus São Thiago, diretor de Concursos e Processos Seletivos da Ceperj.

O representante do Grupo Folha Dirigida, José Correia, parabenizou a Ceperj pela atitude pioneira e frisou a importância da sociedade civil debater junto com o governo critérios de seleção de candidatos e a manutenção de funcionários pelos cofres públicos. Guilherme Oliveira representou a OAB e contou um pouco do trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil junto às organizadoras de concursos, lembrando que mais do que um órgão fiscalizador da sociedade civil, a OAB também trabalha como banca e executora de assuntos jurídicos em concursos públicos.

Marcus São Thiago enfatizou o pioneirismo da atitude com a defesa de que as organizadoras não querem debater o tema por sua complexidade e delicadeza:
- Concursos precisam ser pensados e submetidos a um processo de desenvolvimento. O tema é delicado, mas precisa de uma regulamentação e deve ser discutido socialmente. Quem pensa que concurso público é um sistema mecânico está enganado – afirmou o diretor da Fundação Ceperj.

Rafael Rihan, mediador do debate e assessor da presidência da Ceperj, lançou algumas questões que foram amplamente trabalhadas pelos participantes da mesa. Entre elas: inscrições de candidatos exclusivamente pela internet e a atual política de cotas raciais nos concursos. Os participantes apoiaram o uso da internet no processo de elaboração de concursos, mas defenderam a permanência de postos físicos de inscrição como forma de não discriminar candidatos que não tenham acesso à rede. Já o caso das cotas raciais foi visto como um assunto que ainda precisa ser bastante discutido com a sociedade civil.

Outro tema muito debatido ao longo do evento foi a questão das habilidades dos candidatos. Guilherme Oliveira deu como exemplo alunos de Direito que deixam a universidade sem passar pelo mercado de trabalho e dão logo início ao processo de ser aprovado em algum concurso. Segundo ele, isso representa um déficit para a gestão pública, que cada vez mais conta com profissionais ainda não preparados para assumir seus cargos.

Quanto à questão das habilidades, Marcus São Thiago foi enfático ao defender a presença dos cursos de formação de caráter eliminatório nos processos seletivos. Para ele, nesses cursos é possível analisar se o candidato é um profissional apto a assumir determinada vaga ou se ainda precisa desenvolver alguma habilidade que a prova escrita não mediu.

A mesa chegou ao fim deixando nos participantes e no público a sensação de que ainda há muito a ser debatido sobre o assunto. Por isso mesmo, Jorge Barreto já tinha proposto aos participantes da mesa e fez questão de declarar na abertura: - Pretendemos dar continuidade ao assunto em outros eventos futuros. Precisamos criar uma agenda de eventos para discutir esses temas tão pouco debatidos – disse Barreto.

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